Desde a popularização em massa dos esportes, a tecnologia é uma grande aliada das modalidades e isso remonta uma “parceria” de mais de um século. Pode parecer simples e banal hoje, mas nos Estados Unidos as transmissões de rádio dos jogos de beisebol e das lutas de boxe ajudaram a impulsionar bastante o status de ambos ainda na década de 1920.
Ao longo das décadas seguintes, a implementação cada maior da tecnologia possibilitou novas eras no esporte até chegar aos dias. Nos últimos 15 anos para cá, foi a vez da internet e de invenções criativas influenciarem o mundo em escala global e isso inclui os esportes.
O esporte está mais “justo” do que nunca
No dia 30 de julho de 1966, Inglaterra e Alemanha se enfrentaram na final da Copa do Mundo. Após o empate no tempo regulamentar de 2 a 2 entre as seleções, a decisão foi para a prorrogação. Com o jogo empatado, o inglês Geoff Hurst arriscou um chute na grande área. A bola bateu na trave superior e quicou em cima da linha dos alemães.
Até mesmo em câmera rápida é possível perceber que a bola não ultrapassou o plano de gol. Mesmo assim o juiz, sem nenhum auxílio da tecnologia, validou o gol que posteriormente deu o único título da Copa do Mundo para a Inglaterra.
44 anos mais tarde, foi a vez dos alemães e ingleses se encontrarem mais uma vez em lance polêmico. Na ocasião, o meio-campista Frank Lampard acertou um belo chute de fora da área sem chance de defesa para o goleiro. A bola bateu na parte superior da trave e caprichosamente entrou para dentro do plano de gol, mas logo quicou para a grande área.
Também sem nenhum auxílio tecnológico, o gol não foi validado. Se ambos lances acontecessem nos torneios atuais, o gol da Inglaterra de 1966 teria sido anulado e o de 2010 teria sido confirmado.
Tais injustiças e várias outras marcaram muitos lances na Copa do Mundo. Momentos em que a tecnologia poderia ter sido utilizada a favor para tirar respectivas dúvidas.
Com o auxílio do VAR em muitas competições e o chip na bola, a tecnologia praticamente elimina qualquer chance de marcação irregular em situação de gol ou impedimento.
A ajuda da tecnologia não possibilita uma nova era mais justa apenas no futebol. Em vários outros esportes é possível ver o incremento cada vez maior da modernidade como aliado dos juízes.
No beisebol, há alguns anos já existe o desafio dos treinadores na MLB (principal liga do mundo). Dessa maneira, é possível rever o replay de algumas jogadas polêmicas a olho nu.
Além do beisebol ser um esporte totalmente analítico e que conta com a tecnologia em várias facetas, a MLB estuda implementar robôs que possam auxiliar na marcação de bolas e strikes.
Já no futebol americano, a NFL é uma das pioneiras nos esportes americanos quando o assunto é tecnologia. Com desafio dos treinadores e outros recursos, a tecnologia está implementada na modalidade de maneira intrínseca. O mesmo pode ser dito para o basquete, visto que a NBA é uma das ligas mais abertas a novidades nos Estados Unidos.
A tecnologia como porta de entrada nos esportes através da internet
O que parecia utopia há 30 anos hoje é realidade. A tecnologia, por meio da internet, virou porta de entrada para alguns esportes. O principal exemplo é o poker.
Reconhecido pelo Ministério do Esporte como esporte da mente, o poker pode ser praticado através das centenas de sites disponíveis que acomodam diferentes níveis de jogadores.
O poker também se tornou uma profissão para muitos. No Brasil, há muitos exemplos assim e um dos principais é o da curitibana Day Kotoviezy. Com sucesso na modalidade ao vivo e online, a brasileira tem um currículo impressionante nas cartas e já acumula ganhos superiores a US$ 250 mil na carreira.
A tecnologia no poker segue trazendo grandes novidades. Empresas como Casino VR, por exemplo, estudam a implementação definitiva da realidade virtual nessa modalidade. Já imaginou estar no conforto de casa se sentindo como se estivesse em uma sala de um cassino em Las Vegas ou Monte Carlo? Tal possibilidade não está muito longe de se concretizar.
Aperfeiçoamento de técnica com o auxílio da internet
O tênis vive sua época de ouro, assim como o golfe, o futebol americano e outras modalidades. Isso não é coincidência tendo em conta a evolução constante do esporte e seus atletas. Parte disso se deve ao fato de que a tecnologia é utilizada como grande aliada no aperfeiçoamento da técnica dos atletas, algo que os esportistas de gerações passadas não puderam contar.
O Golden State Warriors é um grande exemplo. Há anos a equipe que conquistou três dos últimos cinco campeonatos da NBA utiliza a tecnologia para aperfeiçoar seus jogadores.
Em 2016, Felipe Moreno, fundador da startup Middi, escreveu sobre isso. “O time foi o primeiro a colocar dezenas de câmeras em sua quadra para avaliar cada mini-aspecto de seus jogadores, para avaliar precisamente as chances de cada jogador de acertar a bola na cesta de qualquer distância da quadra”, escreve Rafael.
“Com essa quantidade enorme de informações, o time consegue determinar o que cada jogador precisa evoluir individualmente e quais são as melhores táticas para montar um time competitivo contra seus adversários”, completa.
Além dos Warriors, vários outros times usam a tecnologia de maneira extensa, como é o caso do Houston Rockets e do Philadelphia 76ers. A equipe texana de Houston utiliza tanto os aparatos tecnológicos que a maioria das decisões do gerente geral Daryl Morey são de acordo com os dados analíticos. Isso levou a mídia a chamar o estilo de jogo dos Rockets de “Morey Ball” — em alusão ao Moneyball, revolução estatística feita pelo Oakland Athletics (MLB) entre o fim dos anos 1990 e o início da década de 2000.
Qual é o limite?
No game Detroit: Become Human, a ficção criada pela empresa Quantic Dream mostra um futuro em que os androides convivem normalmente com os humanos. Na história, escrita por David Cage e Adam Williams, as máquinas são tão avançadas que jogam até mesmo esportes tradicionais como futebol americano e basquete.
É difícil imaginar uma realidade como em Detroit com androides ocupando o espaço dos humanos nas quadras de basquete e nos campos de futebol americano. No entanto, não é demais acreditar que a tecnologia não há limite real na esfera esportiva e que ela deve seguir como uma grande aliada dos atletas por muito tempo.