Jovem com deficiência cerebral finalizando graduação na TI

Na próxima sexta-feira (03/08/12) é uma noite especial para mais um grupo de alunos da Universidade Feevale, na região metropolitana de Porto Alegre / RS. Após um longa jornada de estudos, o grupo de estudantes receberá seu diploma universitário. Os jovens estarão divididos em cerca de quatro turmas de cursos com foco na tecnologia da informação. Mas existe uma figura em especial entre esses formandos. Guilherme Finotti, 20 anos, portador de paralisia cerebral, formado como Técnico em Desenvolvimento pela mesma instituição a quase 3 anos atrás, estará recebendo o diploma de graduado em Sistemas para Internet.

A caminhada de Guilherme para entrar na universidade vem ocorrendo antes mesmo de finalizar o ensino médio. Desde maio de 2009, quando cursava o 3º ano, seus pais demonstravam preocupação para realizar um sonho do filho, alcançar o curso universitário. O primeiro impasse partiu do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), quem desde o início sempre afirmou que o jovem não estaria apto para realizar a prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), devido a necessidade em utilizar um computador, preparado com interfaces de entrada adaptadas para o próprio aluno. A alegação do Orgão afirmava que as adaptações estariam fora das regras do ENEM. Contudo, a permissão para o aluno fazer a prova surgiu somente por intermédio de uma ação civil aberta pelo Ministério Público, em virtude de uma solicitação encaminhada pela família do garoto. Dessa forma, entre os dias 05 e 06 de dezembro de 2009, Guilherme foi liberado para fazer o exame, sendo que nesse meio tempo ele já estava aprovado em 9º lugar pelo vestibular em Sistemas para Internet da Feevale. Os frutos dessa história estamos colhendo agora, dois anos e meio depois, com a formatura do jovem.

Guilherme é realmente um exemplo de superação. Dedicado e persistente, o aluno sempre demonstrou um ótimo rendimento nas aulas, e segundo sua mãe, Eunice Finotti, desde os tempos de escola, suas médias sempre variavam entre 9 ,0 ou 10,0. E na graduação nunca foi diferente. Por um período de tempo, cerca de dois semestres, tive o prazer de ser colega do Gui, e realmente, o cara é fenomenal. Não existe tempo ruim pra ele, muito menos um algoritmo que não possa ser resolvido. Com seu teclado próprio chamado de “teclado colméia”, rapidamente ele consegue digitar funções para o desenvolvimento dos códigos e em poucos minutos o exercício está pronto.

Além de estar se formando, no ano passado Guilherme conseguiu uma vaga de estágio na parte de analises de sistemas da própria universidade onde estudamos. Desde o início desse ano o rapaz já está efetivo no setor, atendendo pelo cargo de auxiliar de Suporte a Sistemas no setor de Recursos Humanos da instituição.

Sem dúvidas é uma grande honra saber que participei da vida acadêmica do Guilherme. E fico feliz que durante esse tempo não fiz só mais um coelga, mas um verdadeiro amigo, quem me mostrou que não existem limites para conquistar nossos sonhos.

Para mais detalhes, veja os links das publicações em vídeo de quando o Guilherme ingressou na universidade, e o mais recente, uma reportagem completa contando a história e falando sobre a formatura do aluno.