No início do ano, comentamos sobre a iniciativa do governo gaúcho em promover a distribuição de 22 mil tablets aos professores concursados da rede pública de ensino.
Agora, quase 6 meses após a entrega dos aparelhos, os professores reclamam da subutilização que os dispositivos vem sofrendo, devido a falta de conexão com a internet. Não é um problema físico em cada tablet, pois os modelos são equipados com suporte a rede wireless e rede 3G, mas as reclamações giram em torno da falta de estrutura de rede sem fio que as escolas públicas enfrentam.
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Boa parte dos professores reclamam que a rede só funciona na sala dos professores, onde geralmente fica localizado o roteador wireless. Outros dizem que o sinal até chega nas salas de aula, mas a estrutura da rede é fraca, não suportando diversas conexões ao mesmo tempo. Segundo dados da Secretaria Estadual de Educação (SEC), apenas 2,3% dos colégios estaduais gaúchos contam com redes sem fio de alta capacidade. A diretora da Assessoria de Gestão do Gabinete da SEC, Ana Cláudia Figueroa, afirma que entre as 2574 escolas públicas gaúchas, apenas 60 delas contam com redes de alta demanda. Ana comenta que a intenção do governo quando distribuiu os tablets aos professores, não era oferecer um equipamento didático, mas um instrumento de aprimoramento pessoal, sendo que eles podem e devem utilizar o dispositivo em qualquer outro lugar fora da escola, utilizando conexão wireless ou mesmo 3G. No entanto, a diretora afirma que existe um projeto para ampliar a capacidade da rede sem fio em mais 400 escolas entre as citadas. A ideia é colocar o plano em prática dentro de um ano e meio, sendo que o maior obstáculo, como sempre, são os custos, pois conforme fontes, em algumas escolas, o investimento pode chegar no estratosférico valor de R$ 200 mil reais.
Alguns professores comentam que a falta de conexão atrapalha, principalmente pelo fato de deixar o dispositivo, em partes, sem utilidade dentro da sala de aula, podendo fazer uso apenas de algumas aplicações disponíveis previamente no aparelho. Outros arriscam dizendo que ficam com receio de usar o aparelho pelo fato do mesmo não ser de propriedade deles. Na realidade, o que provavelmente ocorre, como boa parte das coisas nesse país, é falta de instrução. Afinal, qual a finalidade de largar um recurso, relativamente novo para a maioria dos docentes envolvidos, se não existe treinamento. E não falo de treinamento psicológico, mas técnico, ensinando como sincronizar e utilizar os dispositivos para mais tarde exibir coisas simples, como vídeos, imagens ou músicas, tornando as aulas mais dinâmicas, tarefas que ainda são possíveis sem nenhum acesso a internet.
P.S.: A ideia principal por trás dessa postagem não era explorar minha opinião, mas sim, apenas divulgar a notícia. A questão é que envolver altos valores garantidos pelo dinheiro público, além de criar problemas simplórios, acaba sendo algo repugnante.
Fonte: Jornal Zero Hora (versão impressa)