Philipe Cardoso Com 33 anos de idade, sou um carioca apaixonado por tecnologia e fotografia. Além de ser o criador do Portal Zoom Digital, que preserva sua essência desde os tempos em que era um blog, também sou um verdadeiro entusiasta e amante de todas as formas de tecnologia. Através do Portal, compartilho minha paixão pela tecnologia e trago as últimas novidades e tendências para os leitores. Também sou fascinado pelo mundo da fotografia, explorando o poder das imagens para capturar momentos únicos e transmitir histórias cativantes.

A Revolução Silenciosa: Expo 3D BR 2025 Sinaliza a Era da Manufatura Aditiva Industrial e Ética no Brasil

5 min read

Em seu 10º ano, o maior evento de impressão 3D do país troca o ambiente caseiro pelos corredores de um dos maiores templos da engenharia nacional, o Instituto Mauá, e revela um ecossistema que vai da bioimpressão à indústria pesada.

Reportagem de Philipe Cardoso, Especialista em Tecnologia e Legislação

O ar no ginásio do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul, vibra. Não apenas com as conversas técnicas e o networking intenso, mas com o zumbido constante de centenas de impressoras 3D em pleno funcionamento. É um som orquestrado de motores de passo, o sopro agudo dos ventiladores de resfriamento e o clique rítmico dos extrusores. Este é o cenário do primeiro dia da Expo 3D BR 2025, um evento que, em sua 10ª edição, consolida sua transição da esfera maker para o panteão da indústria 4.0.

O que começou há uma década como um encontro quase caseiro, idealizado pelos pioneiros Rubens Medina e Cléber, é hoje o epicentro da manufatura aditiva na América Latina. A escolha do Instituto Mauá como sede não é simbólica; é uma declaração. Estamos em um dos berços da engenharia brasileira, e a impressão 3D não é mais um hobby de garagem. Ela é, agora, uma disciplina de engenharia.

A Visão da Organização: De Hortolândia ao São Paulo Expo

Caminhando pelos corredores repletos de estandes vibrantes — onde filamentos de cores neon contrastam com o cinza opaco de peças industriais —, encontramos Murilo, do canal 3D Geek Show, uma das forças motrizes por trás da organização. Para ele, a mudança de Hortolândia para a Grande São Paulo foi um passo calculado e necessário.

“A evolução foi natural, mas exigiu coragem”, reflete Murilo, enquanto gesticula para a magnitude do evento. “Saímos de um espaço menor para um hub de inovação. O Instituto Mauá nos abraça, mas a verdade é que já estamos de olho no futuro. A meta é o São Paulo Expo.” Essa ambição reflete o próprio amadurecimento do mercado. A feira cresceu porque a tecnologia deixou de ser uma promessa para se tornar uma ferramenta viável.

A Revolução da Acessibilidade: O Fim da “Era da Madeira”

A análise de Murilo é precisa. O salto do mercado se deve, em grande parte, à acessibilidade. “Há alguns anos, montar uma impressora 3D era um ritual de passagem”, recorda. “Falávamos de estruturas de madeira, de calibrar eixos manualmente por horas. Era um processo para entusiastas.”

Hoje, o cenário é dominado por soluções plug and play. Estandes como o da Bambu Lab são a prova viva: máquinas que se autocalibram, trocam de filamento sozinhas e entregam peças multicoloridas com uma complexidade impensável na era “DIY” (Faça Você Mesmo). Essa facilidade de uso, antes restrita a equipamentos industriais caríssimos, democratizou o acesso à prototipagem rápida e impulsionou a adoção em massa, de pequenas empresas a gigantes da indústria.

Além do FDM: A Nova Fronteira Industrial

Embora o FDM (Modelagem por Deposição Fundida) — a impressão por filamento plástico que todos reconhecemos — ainda seja dominante, o foco da Expo 3D BR 2025 está claramente no que vem depois dele.

1. A Solidez dos Metais

Em um dos estandes mais visitados, as peças expostas exigem certo esforço para serem manuseadas. São componentes robustos, pesados e frios ao toque. A impressão 3D em metal, que deposita pó metálico e o funde com laser, está rapidamente se tornando vital para a indústria nacional. Vemos engrenagens complexas, componentes de motores e ferramentas que seriam impossivelmente caras ou demoradas de se produzir por usinagem tradicional. É a manufatura aditiva entrando na produção de peças finais, não apenas protótipos.

2. Bioimpressão: O Fim dos Testes em Animais

Talvez a inovação mais impactante do evento não seja a mais robusta, mas a mais delicada. Em uma máquina que lembra mais um equipamento de laboratório do que uma impressora, uma fina agulha deposita metodicamente um hidrogel. Diante dos nossos olhos, a simulação de um nariz humano toma forma.

Esta é a bioimpressão. O objetivo aqui, explicado com paixão pelos expositores, é ético-científico: criar tecidos humanos funcionais em laboratório. O propósito central é claro e urgente: além da substituição total de testes em animais trazer inovação e qualidade de vida até mesmo com a impressão de órgãos humanos. Ao invés de testar cosméticos ou medicamentos na pele de coelhos, a indústria poderá usar tecidos bioimpressos que simulam com perfeição a reação humana. A tecnologia vista na feira, embora ainda em estágio inicial no Brasil, sinaliza uma revolução moral e científica.

Inovação Sustentável: A Matriz Verde das Algas e Pellets

A responsabilidade ambiental também foi um pilar do evento, com duas abordagens que atacam diretamente o custo e o desperdício da impressão 3D.

1. O Pioneirismo do Filamento de Algas

Em um estande específico, destaca-se o primeiro fabricante da América Latina a produzir filamento a partir de algas marinhas. O processo, transforma a matéria-prima — que vai de uma alga marinha comum a um filamento — em um material biodegradável. É uma resposta direta à crescente preocupação com o descarte de plásticos.

2. A Eficiência dos Pellets

Outra inovação que atraiu olhares da indústria foi a impressão direta por pellets. Ao invés de usar o filamento (o “carretel”), a máquina é alimentada com as “bolinhas” de plástico bruto (como o PETG). Os benefícios são múltiplos: o custo do material despenca, pois elimina-se a etapa de extrusão do filamento; o desperdício é reduzido; e, crucialmente, permite o uso de materiais emborrachados e extremamente flexíveis, difíceis de tracionar no formato de filamento.

A Era das Réplicas: Aplicações Práticas em Grande Escala

A capacidade da impressão 3D de materializar o digital em larga escala foi o grande espetáculo visual da feira.

  • Impressões Gigantes: Peças como um “Batman” em tamanho real, impresso em uma única peça, e um “Homem de Ferro”, que demonstrava o poder do pós-processamento com aplicação de primer e pintura automotiva, serviam como âncoras visuais, atraindo multidões.
  • Prototipagem Industrial: Mais pragmático, um motor de carro completo, impresso em 3D, estava em exibição. A réplica exata, muito mais leve e barata que o original, serve para estudos de engenharia, feiras e treinamento, sem a necessidade de alocar um motor funcional para isso.
  • Comunicação Visual: A impressão FDM multicolorida também mostrou seu valor comercial. Exemplos de letreiros complexos da Volkswagen e do McDonald’s demonstravam como a tecnologia permite criar sinalização e comunicação visual de forma rápida e com acabamento final, sem necessidade de pintura.

Ferramentas Habilitadoras: O Scanner 3D como Porta de Entrada

Um gargalo histórico da impressão 3D sempre foi a modelagem. De nada adianta ter a impressora se o usuário não sabe criar um objeto em software CAD. Os scanners 3D, presentes em diversos estandes, se consolidam como a porta de entrada. Vimos demonstrações onde objetos físicos complexos eram digitalizados em minutos, gerando um arquivo pronto para impressão. Para a engenharia reversa ou para a digitalização de peças de reposição, o scanner é a ponte que faltava para quem não é um modelador 3D profissional.

Conclusão Reflexiva: Além do “Vasinho”

O primeiro dia da Expo 3D BR 2025 no Instituto Mauá foi mais do que uma feira de tecnologia; foi a cerimônia de formatura de um mercado. O evento provou que a impressão 3D no Brasil finalmente se libertou da imagem do “vasinho” de decoração ou do boneco geek.

A comunidade maker, que deu origem a tudo isso, agora divide espaço com a indústria pesada, com a medicina regenerativa e com a produção sustentável. A Expo 3D BR consolidou-se como o fórum onde o engenheiro da indústria automobilística, o pesquisador da bioimpressão e o entusiasta do “Batman” gigante podem trocar ideias no mesmo nível. O futuro da manufatura aditiva nacional está sendo escrito aqui, e ele é muito mais complexo, ético e robusto do que poderíamos imaginar há uma década.

Philipe Cardoso Com 33 anos de idade, sou um carioca apaixonado por tecnologia e fotografia. Além de ser o criador do Portal Zoom Digital, que preserva sua essência desde os tempos em que era um blog, também sou um verdadeiro entusiasta e amante de todas as formas de tecnologia. Através do Portal, compartilho minha paixão pela tecnologia e trago as últimas novidades e tendências para os leitores. Também sou fascinado pelo mundo da fotografia, explorando o poder das imagens para capturar momentos únicos e transmitir histórias cativantes.

Hospedagem de Sites como Negócio: Análise do Livro de…

Este artigo é uma análise do livro “Hospedagem de Sites: Como Empreender na Internet com um Negócio Escalável e Rentável”, escrito por Gustavo Gallas,...
Philipe Cardoso
3 min read

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *